A
Polícia Federal divulgou nesta quarta-feira (11) que 152 candidatos
tiveram acesso antecipado às respostas da primeira fase de três exames
da Ordem Nacional dos Advogados (OAB) de 2009. Segundo as investigações
da PF, outros 1.076 candidatos, apesar de não terem acessado as
questões antecipadamente, "colaram" a prova uns dos outros.
A
assessoria de imprensa da OAB afirmou que, até as 8h40, ainda não havia
sido informada sobre a conclusão das investigações da PF, e que a
entidade deverá emitir uma nota comentando o assunto.
Em um dos
exames, a segunda fase também foi alvo de fraude e acabou anulada em
março de 2010, após serem encontrados os primeiros indícios. As
descobertas são desdobramentos da Operação Tormenta, lançada em junho
de 2010, que investiga concursos públicos, além do Exame da Ordem. Até
as 8h40 desta quarta-feira, a assessoria de imprensa da PF não sabia
informar em que cidades onde o exame da OAB foi aplicado se verificaram
fraudes.
Segundo a PF, as investigações concluíram que 19 pessoas
fraudaram o exame 2009.1, que foi realizado no dia 17 de maio de 2009,
76 fraudaram o exame 2009.2, aplicado em 13 de setembro de 2009, e 57
fraudaram o exame 2009.3, realizado em 17 de janeiro de 2010. Uma
organização criminosa havia desviado as questões apresentadas na prova,
e os candidatos tiveram acesso a elas antecipadamente.
Para
auditar os exames e verificar como ocorreu a fraude, a PF usou o
Sistema de Prospecção e Análise de Desvios em Exames, software usado na
Operação Tormenta para rastrear os desvios entre as respostas dos
candidatos em outras provas. O programa aponta quais candidatos têm a
maior possibilidade de terem sido beneficiados, e estes passam a ser
investigados. Peritos criminais também fizeram um laudo pericial com
análise estatística dos resultados.
Além do adiantamento das
questões pela quadrilha, outros 1.076 candidatos "colaram" as respostas
nos três exames - 190 no primeiro, 527 no segundo e 359 no terceiro.
A
fraude na primeira fase do Exame da Ordem de 2009 foi comprovada pelo
material apreendido durante a operação junto aos mesmos acusados de
fraudar a segunda fase do Exame. No caso da segunda fase, o grupo,
segundo detalhou o Ministério Público Federal, teria participado da
realização inclusive de um cursinho para candidatos, na véspera da
prova, onde foram discutidos temas com base no caderno de questões
desviado por um policial rodoviário federal.
Na Operação Tormenta,
cerca de 100 pessoas já foram indiciadas. Além do Exame da Ordem e dos
concursos da Polícia Federal, foram descobertas irregularidades em
provas da Receita Federal, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e
da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
No total, foram
indiciadas 282 pessoas e 62 servidores foram afastados ou impedidos de
tomar posse. Eles respondem por formação de quadrilha, estelionato,
receptação e corrupção ativa e passiva, entre outros.
No início
deste ano, quando a fraude na primeira fase dos exames foi divulgada, a
OAB divulgou nota dizendo que não pensa em anular as provas, mas em
punir os envolvidos nas irregularidades. "Todos os que tiveram êxito no
Exame e receberam suas carteiras continuarão trabalhando. No entanto,
aqueles bacharéis que a Polícia Federal identificar como tendo sido
aprovados em decorrência de fraude terão suas carteiras cassadas",
disse o presidente nacional, Ophir Cavalcanti.
Fonte: Click PB
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