Cisternas de polietileno compradas pelo governo para a
região Nordeste ficaram mais caras, atrasaram, estão dando defeito e a
instalação é realizada pela empresa de um doador de campanha do filho do
ministro da Integração, Fernando Bezerra.
As cisternas de polietileno são alvo de polêmica na
região desde 2011. Até então, o governo contratava ONGs para construir o
tanque em alvenaria. Foram erguidas mais de 450 mil com recursos
federais em oito anos. Afirmando que era necessário agilizar a instalação, o
Ministério da Integração Nacional comprou 60 mil cisternas de
polietileno, uma espécie de plástico resistente. Quem fez a licitação foi a Codevasf (Companhia de
Desenvolvimento do Vale do São Francisco), vinculada à Integração
Nacional. Seu presidente à época era Clementino Coelho, irmão de
Bezerra. As entidades que construíram as cisternas de
alvenaria protestaram alegando que as de polietileno eram mais caras,
pouco resistentes e concentrariam os recursos na mão de grandes
empresas. A licitação para a compra das cisternas teve um único
concorrente, a Dalka, subsidiária de uma companhia mexicana. Elas foram
vendidas a R$ 210 milhões em novembro de 2011 e deveriam estar prontas
até junho. Mas, em julho, apenas 32% delas estavam prontas, e
21% haviam sido instaladas. Apesar disso, o governo permitiu um aditivo
de R$ 3 milhões ao contrato, afirmando que era necessário incluir
"dispositivo de alívio de água". Segundo a Codevasf, 134 cisternas instaladas
apresentaram defeito. Além delas, o governo ainda precisa comprar uma
bomba ao custo médio de R$ 115 e pagar pelo transporte e instalação. Os contratos de instalação foram repassados às
superintendências regionais da Codevasf. A contratação em Pernambuco
ficou a cargo da unidade de Petrolina, cidade em que Bezerra foi
prefeito e que seu filho, o deputado federal Fernando Filho (PSB-PE), é
candidato ao cargo. Quatro empresas disputaram um pregão em novembro
passado para a instalação e a Engecol venceu, com preço de R$ 1.249 por
unidade para instalar 22.799 cisternas (total de R$ 28,4 milhões). O dono da Engecol é Carlos Augusto de Alencar, irmão
da presidente da Câmara de Petrolina, Maria Elena de Alencar (PSB), do
mesmo partido de Fernando Filho. Desde 2004, ele e suas empresas têm
feito doações para as campanhas de Maria Elena e Fernando Filho. No
total, foram R$ 84 mil. A Codevasf defendeu o uso das cisternas de
polietileno dizendo que elas já foram testadas em outros países com
sucesso. O órgão diz que é "uma tecnologia limpa e ecológica" e que o
custo de instalação e montagem é compatível "com os benefícios
auferidos". Sobre o aditivo, afirmou que "detectou-se a necessidade de
realizar uma melhoria técnica" para aproveitar o excedente de água. Segundo o órgão, a administração central fez só uma
preparação geral da licitação das superintendências e houve concorrência
por pregão eletrônico. O dono da Engecol, Carlos Augusto de Alencar, e
assessoria de Fernando Filho afirmaram que eles não tiveram
interferência.
Fonte: Blog Jose Duarte Lima
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