Jefferson Silva Costa, 22 anos, atual presidente da Torcida Jovem do
Galo, e Jonny Alves, 20 anos, foram presos na noite do último sábado
(1º), em Campina Grande, acusados de porte ilegal de armas. Durante
depoimento às autoridades, eles confessaram que iria utilizar a arma
para matar um rapaz da torcida do Campinense, identificado como Alisson.
As informações foram confirmadas pelo tenente-coronel Souza Neto,
comandante do 2º Batalhão de Polícia Militar da Paraíba, em Campina.
Segundo
o policial, os dois, que pagaram o equivalente a R$ 678,00 (um salário
mínimo) para serem liberados da cadeia, também se posicionavam contra a
violência nos estádios. “Jefferson estava em todas as reuniões e
mobilizações para contestar qualquer tipo de violência entre as torcidas
organizadas, querendo mostrar que só havia homens de bem e que ninguém
cometia crimes; agora, ele aparece com esse comportamento e nós da PM
ficamos ‘enxugando gelo’, ou seja, trabalhando em vão”, revela Souza
Neto.
Prisão e confissão
A prisão do sábado
ocorreu quando uma viatura da Força Tática do 2º BPM estava fazendo
rondas de rotina no bairro, quando os policiais fizeram a abordagem em
Jeferson Silva e Jonny Alves, 20 anos, encontraram com os jovens um
revólver calibre 38, com várias munições. Eles foram liberados depois do
pagamento da fiança de um salário mínimo, mas foram autuados por porte
ilegal de armas.
Ainda de acordo com o tenente-coronel Souza Neto,
os jovens confessaram que estavam armados porque se desentenderam com
um torcedor do Campinense, e por isso, decidiram que iriam executar o
'desafeto', caso a polícia não impedisse.
O oficial da PM
revelou que Jefferson Silva costumava participar de todas as reuniões no
Ministério Público para combater a violência entre as torcidas.
Jefferson assumiu a presidência da TJG após o assassinato do
ex-coordenador, Wagner Albuquerque, ocorrido em março deste ano.
No Facebook do 2º BPM,
torcedores do Galo lamentaram a prisão dos jovens e mandaram mensagens
de apoio, muitas delas com críticas à ação da polícia em prender os
acusados.
Dois torcedores mortos
Em
março deste ano, Wagner Pereira, 23 anos, foi assassinado quando
voltava do trabalho noturno em uma empresa de sandálias. Ele foi
abordado por um homem que estava numa motociclista e já chegou
atirando. A execução ocorreu quando o torcedor desceu do ônibus da rota
da Alpargatas, nas imediações do bairro da Glória, zona Leste de
Campina.
Em nota oficial, o Treze Futebol Clube confirmou que
Wagner Albuequerque era presidente da torcida organizada do clube e
manifestou "profundo pesar pelo falecimento do jovem".
A
família da vítima revelou à Polícia que o jovem se envolveu em uma
briga entre torcidas organizadas e vinha sofrendo ameaças de torcedores
do Campinense. Os familiares de Wagner acreditam que este seria o
motivo do assassinato dele.
No mesmo mês, Lesliê Santos Tinoco,
de 28 anos, foi morto a pauladas e pedradas numa das escadarias do
Açude Novo, no Centro de Campina. Ele era integrante da Torcida
Organizada do Treze. Segundo a polícia, a vítima tinha assistido a uma
partida entre Sousa e Galo e quando voltava pra casa foi atacado por um
grupo que vestia camisetas do Campinense.
Quatro pessoas foram
presas. André de Sousa, de 18 anos; Elivaldo Santos Andrade, de 18
anos; Liniérique Silva Sousa, de 19; e Ana Kelly Lourenço da Silva, de
18 anos, namorada de um dos acusados.
Autoridades pedem o fim das torcidas organizadas
Após
cenas de violência manchar o 'Clássico dos Maiorais' entre Campinense e
Treze, em maio deste ano, o debate sobre o fim das torcidas organizadas
na Paraíba foi reaberto. De um lado o tenente coronel PM, Souza Neto, e
o Ministério Público do Estado, que são a favor da extinção das
torcidas; do outro, os presidentes dos clubes que vêem a atitude como
radical.
Souza Neto enviou um documento ao Ministério Público
pedindo o fim das torcidas organizadas na Paraíba. “Vamos precisar que
aconteça uma tragédia maior para que medidas mais enérgicas sejam
tomadas no nosso Estado? Enviarei um documento ao Ministério Público
solicitando o fim destas torcidas”, comentou Souza Neto.
A
promotora do consumidor, Adriana Amorim, informou que estuda todos os
fatos e provavelmente acatará o pedido dele. “O Estatuto do Torcedor
prevê que as torcidas devem se organizar com um único propósito de
promover a festa do seu time de coração. Se for verificada que alguma
torcida não está atuando dessa forma e agindo de maneira ilícita,
podemos sim, acatar o pedido do Souza Neto”, salientou a promotora.
Por
outro lado, o presidente do Treze, Eduardo Medeiros, não vê com bons
olhos e considera a medida radical. “Não vejo com bons olhos essa medida
radical. Precisamos ter fiscalizações e discussões. O que não pode é um
jogar a culpa para o outro e ninguém resolver nada. A polícia não pode
punir toda a torcida, por causa de um grupo infiltrado”, entende o
presidente do Treze.
O presidente do Campinense, William Simões,
disse que não gostaria de se pronunciar sobre o caso. “Não quero me
envolver e nem me pronunciar sobre o caso”, afirmou.
Mais casos de violência
No
domingo, 12 de maio, segundo relatos da Polícia, um grupo de jovens das
torcidas organizadas do Treze e do Campinense marcaram através da
internet, um confronto no bairro do Catolé, em Campina Grande. Durante a
pancadaria, quatro pessoas ficaram feridas, sendo que duas, foram
socorridas para o Hospital de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga
Fernandes, em Campina. Um dos torcedores foi atingido no tórax e corre o
risco de ficar paraplégico. Já a outra levou um tiro de raspão na
cabeça e já foi liberada pela unidade hospitalar.
Tayrone André
Hortino, 18 anos foi atingido com um tiro nas costas e de acordo com o
neurocirurgião Amauri Filho, do Hospital de Trauma, o jovem pode ficar
paraplégico devido à falta de força muscular. “Ele sente as pernas muito
levemente, mas não tem força de ficar em pé. Há uma grande
possibilidade dele fica paraplégico devido à lesão grave na coluna
cervical pelo disparo de arma de fogo”, explicou.
Já um adolescente de 16 anos, foi atendido na unidade e liberado.
A
briga teria ocorrido entre integrantes da Torcida Jovem do Treze e da
Facção Jovem do Campinense. Os dois grupos começaram a confusão atirando
pedras. Em seguida houve troca de tiros.
Segundo Souza Neto, a
tragédia só foi maior porque uma guarnição da Polícia Militar passava
perto da briga. “A tragédia só não foi maior, porque uma guarnição da PM
passava no local. Poderia ter tido até morte no local”, salientou
tenente coronel.
Fonte: CorreioPB
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