O Conselho Federal
de Medicina (CFM) decidiu enviar à comissão do Senado que cuida da
reforma do Código Penal um documento em que defende a liberação do
aborto até a 12.ª semana de gestação, a exemplo do que já ocorre nos
casos de risco à saúde da gestante ou quando a gravidez é resultante de
estupro.
O gesto tem um claro significado político. “”Queremos deflagrar uma
nova discussão sobre o assunto e esperamos que outros setores da
sociedade se juntem a nós””, afirmou o presidente do CFM, Roberto D’
’Ávila. A entidade nunca havia se manifestado sobre o aborto. Em 2010,
durante a campanha que a levaria à Presidência, Dilma Rousseff firmou
um compromisso de que não adotaria nenhuma medida para incentivar novas
regras em relação ao aborto durante seu governo.
O comportamento da secretária de Políticas para Mulheres, Eleonora
Menicucci, é um exemplo do quanto o compromisso vem sendo seguido à
risca. Conhecida por ser favorável ao aborto, em sua primeira entrevista
depois da posse ela avisou: sua posição pessoal sobre o assunto não
vinha mais ao caso. “”O que importa é a posição do governo””, afirmou à
na época. A decisão da entidade foi formalizada na quarta-feira, dia em
que Dilma se encontrou com o papa Francisco, em Roma.
Por enquanto não há sinais de que uma nova onda de manifestos
favoráveis possa mudar a estratégia do governo. O Ministério
da Saúde disse que a discussão do tema cabe ao Congresso. A ministra
Eleonora, por sua vez, afirmou que não se manifestaria.
“Não podemos deixar que esse assunto vire um tabu. O país precisa
avançar””, afirmou D’ ’Ávila. Ele argumenta que mulheres sempre
recorreram ao aborto, sendo ele crime ou não. Para o conselho, a
situação atual cria duas realidades: mulheres com melhores condições
econômicas buscam locais seguros para fazer a interrupção da gravidez.
As que não têm recursos recorrem a locais inseguros. O CFM sustenta que a
mulher tem autonomia para decidir. “E essas escolhas têm de ser
respeitadas.”
A proposta do CFM vai além do texto da comissão do Senado, que também
permitia o aborto até a 12.ª semana, mas desde que houvesse aprovação
médica. ““Seria uma burocracia desnecessária. Sem falar de que poderia
começar a ocorrer fraude com tais laudos” ”, avaliou D’ Ávila.
Legislação – D’ Ávila é enfático ao dizer que o CFM não é favorável ao
aborto. ““O que defendemos é o direito de a mulher decidir”.” A
divulgação do manifesto, diz, não mudará em nada a forma como o conselho
trata acusações de médicos que realizaram aborto ilegal. ““Não estamos
autorizando os profissionais a fazer a interrupção da gravidez nos casos
que não estão previstos em lei. Queremos é que a lei seja alterada”.” O
presidente do CFM reconhece haver resistência a essa alteração.
“”Vivemos em um estado laico. Seria ótimo que as decisões fossem
adotadas de acordo com o que a sociedade quer e não com o que alguns
grupos permitem”.
Críticas
“A liberação do aborto representaria evitar um mal com outro mal”, afirmou o representante da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Clóvis Bonfleur. “”Isso nunca será a solução. É preciso formar a juventude, garantir o acesso à informação. Essas medidas, sim, é que podem proteger a mulher””, observou.
“A liberação do aborto representaria evitar um mal com outro mal”, afirmou o representante da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Clóvis Bonfleur. “”Isso nunca será a solução. É preciso formar a juventude, garantir o acesso à informação. Essas medidas, sim, é que podem proteger a mulher””, observou.
Bonfleur também questionou a representatividade da decisão do CFM.
“”Isso não é a opinião da classe, pois certamente eles não ouviram todos
os médicos””, disse. ““Essa é a posição apenas dos integrantes do
colegiado”.” Para o representante da CNBB, o argumento de que a
liberação do aborto protegeria mulheres economicamente menos
privilegiadas é questionável. “”Não há nada que prove que mulheres com
recursos são submetidas ao procedimento com segurança, ficando o risco
de vida apenas às mais pobres””, completou.
Fonte: Paraiba Urgente
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