É um bordão meio surrado, mas nunca desmentido: uma CPI sempre se sabe como começa, porém nunca como acaba. Pode ser o caso da CPI da Cagepa, protocolada pelo deputado petista Frei Anastácio. Foram muitas e bombásticas as revelações que brotaram, em meio à discussão sobre o empréstimo de R$ 150 milhões da Cagepa. Crescimento da folha de pessoal no Governo Ricardo Coutinho foi a mais leve. Soube-se que o empréstimo da Caixa teria juros mais elevados (que reverteu depois), que a Cagepa não cobra de seus devedores e que celebrou alguns empréstimos para lá de suspeitos com juros extorsivos. O caso do Banco Gerador, por exemplo, em que a empresa chegou a pagar mais de 10% a título de comissão (!). Uma operação que não nem é mais suspeita. É muito mais uma imoralidade confessa. Mas, Anastácio foi muito lúcido em ampliar o arco de investigação da Comissão até 1995, o que pegará os governos de Zé Maranhão I, II e III, Roberto Paulino, Cássio Cunha Lima I e II, e Ricardo Coutinho. E por que? É evidente que o descalabro administrativo visível na Cagepa não é obra de um governo apenas. É claro que essa “obra” foi potencializada ao longo dos anos por vários maus gestores. Mas, essa CPI só se justifica se houver realmente uma investigação isenta e séria. Será interessante saber como começou esse processo de endividamento da empresa. E, se possível, flagrar os (ir)responsáveis. E, se não for pedir demais, municiar os institutos adequados, como Ministério Público e Justiça para realmente punir os culpados. Não adianta simplesmente investigar, se tudo terminar sem efeito prático. Uma CPI não pode ser apenas um palanque para holofotes de determinadas figuras. O consumidor e os funcionários da empresa esperam muito mais dos nobres deputados. Não pode apenas ficar no teatro. Então, se é para realmente realizar uma tomografia da situação da empresa e identificar as origens de suas mazelas, e punir responsáveis, será muito bem vinda. Para ficar apenas o circo, será melhor nem começar.