O Ministério Público do Estado da Paraíba (MPPB)
requereu e a Justiça determinou o sequestro de bens imóveis, de veículos
automotores e de embarcações registrados em nome da empresa Metta
Concursos & Consultoria Ltda. e dos sócios Almir da Costa Pina e
Edilane Barbosa de Souza. A juíza Shirley Abrantes Moreira Régis também
decretou o bloqueio online, junto ao Banco Central do Brasil (Bacen), de
qualquer valor depositado até o limite de R$ 6 milhões em contas em
instituições financeiras do país em nome dos mencionados na sentença. Almir Pina e Edilane Souza são acusados de integrar
um esquema criminoso de fraude em concursos públicos, desarticulado no
último dia 18 de junho, pela ‘Operação Gabarito’. A decisão judicial foi
comunicada nesta terça-feira (14) à Promotoria de Justiça de Gurinhém,
que ingressou com medida cautelar. Segundo os promotores que ingressaram com a petição, o
valor corresponde aos danos que teriam sido causados aos cofres
públicos e aos candidatos prejudicados com o esquema criminoso.
“Milhares de cidadãos paraibanos foram subtraídos de diversas políticas
públicas de educação, saúde e saneamento e tiveram gastos para
participação nos concursos públicos realizados pela Metta. A cautela e a
substancial quantia necessária à reparação das vítimas e do erário
recomendam que sejam seqüestrados todos os bens dos investigados, tanto
os móveis quanto os imóveis”, justificou a promotora de Justiça Jaine
Aretakis Didier. O MPPB também requereu ao juiz da Comarca de Gurinhém
que os cartórios de registro de imóveis de Guarabira, Campina Grande e
João Pessoa, o Departamento de Trânsito (Detran) e a Capitania dos
Portos da Paraíba sejam notificados sobre a restrição judicial à
alienação de bens, para que esses órgãos não promovam qualquer
transferência de propriedade. Os valores depositados em instituições
financeiras do país em nome dos acusados e da empresa também devem ser
bloqueados. Outra solicitação do Ministério Público, atendida
pela Justiça foi a solicitação ao Bacen do envio de extratos detalhados
dos últimos 24 meses de contas ou aplicações financeiras existentes nos
nomes da Metta, de Almir da Costa Pina e de Edilane Barbosa de Souza.
Operação Gabarito
A Operação Gabarito foi deflagrada pelo Grupo de
Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco-MPPB), a Controladoria
Geral da União (CGU) e a Polícia Civil para desarticular um esquema
criminoso de fraude em concursos públicos, no município de Caldas
Brandão (a 60 quilômetros de João Pessoa).
No dia 18 de junho, foram cumpridos seis mandados de
busca e apreensão e quatro mandados de prisão temporária contra o dono
da empresa Metta Concursos e Consultoria Ltda., o presidente e os
membros da Comissão Permanente de Licitação da Prefeitura de Caldas
Brandão. Eles são acusados de cometer crimes de frustração do caráter
competitivo, formação de quadrilha, falsidade ideológica e corrupção
ativa e passiva. A pena para esses crimes chega a 21 anos de prisão. As investigações que resultaram na operação foram
iniciadas na Promotoria de Gurinhém. Foi constatado que o esquema
criminoso fraudava licitações, dispensas e inexigibilidades de licitação
e concursos públicos destinados à contratação de profissionais da
Estratégia Saúde da Família (também chamada de Programa Saúde da Família
ou PSF) e de programas federais, como o de Erradicação do Trabalho
Infantil (Peti), Bolsa Família, Programa de Atenção Integral à Família
do Centro de Referência Especializado em Assistência Social (Paif-Creas)
e ProJovem, além de outros cargos do quadro do município. Para garantir que pessoas indicadas por integrantes
dos Poderes Executivo e Legislativo fossem aprovadas no concurso (a
fraude era feita com o recebimento prévio da assinatura e da impressão
digital dos “apadrinhados” em gabaritos adulterados com respostas
preenchidas pela própria empresa), o processo de licitação era burlado
para que, ao final, houvesse a escolha e a contratação da empresa Metta. As irregularidades também levaram o MPPB a recomendar
aos prefeitos e presidentes das Câmaras de Vereadores a anulação dos
concursos públicos organizados pela Metta Concursos & Consultoria
Ltda., onde os candidatos ainda não foram nomeados e empossados. Nos casos em que já houve a nomeação e posse dos
aprovados, o Centro de Apoio Operacional às Promotorias do Patrimônio
Público (Caop do Patrimônio Público) orientou os promotores de Justiça a
investigarem e ajuizarem ações civis públicas para anular o concurso, o
que implicará na destituição dos aprovados que ingressaram no serviço
público ilegitimamente.
A empresa realizou 44 concursos no estado da Paraíba, sendo que 20 estavam em andamento e 24 já finalizados.
Fonte: Blog José Duarte Lima
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